Ajuda que vale a pena
UMA ESCOLA PARA CONSTRUIR O FUTURO
[Texto e Fotos: Alexandre Correia]
Em quase três décadas de viagens, tropecei inúmeras vezes em programas organizados que tinham, pelo meio, ou em si mesmo, acções anunciadas como sendo de “ajuda humanitária”. A expressão é relativamente recente, embora o princípio seja idêntico ao que antigamente se fazia sem atribuir nenhum nome especial, ou até mesmo sem disso se fazer grande alarde.
Nunca gostei particularmente de me ver envolvido neste tipo de acções, pelo que sempre me senti um tanto incomodado cada vez que tomava parte num programa que incluía “ajuda humanitária”. E o mais engraçado, embora não tenha realmente graça nenhuma, é que ao abster-me de participar nestas acções, acabei sempre por ser olhado de lado, com desconfiança. Era sempre o único que não vibrava de entusiasmo por entrar numa escola de miúdos meio esfarrapados para oferecer caixinhas de lápis de cor e caderninhos todos bonitos, ou por parar no centro de uma aldeia, algures numa das muitas regiões pobres do mundo, para distribuir não interessa o quê, até porque muito raramente me apercebi de que alguém tivesse feito um levantamento prévio das necessidades das comunidades sobre as quais incidia a “ajuda humanitária”. Normalmente, a sensação que tenho é que se compraram uns tantos artigos baratos, que não fazem falta a ninguém, carregaram-se quilos e mais quilos de brindes publicitários que também já ninguém queria e não servem para nada, por vezes junta-se uma colecção de roupas e sapatos velhos, que deviam ter ido para o lixo, mas que todos guardaram à espera da oportunidade para poder oferecer “a quem precisa”, como costumo ouvir dizer, com aquele ar piedoso de quem julga que está a praticar o bem. Cresci a ouvir dizer que a caridade é anónima e quanto mais assisto a estas manifestações, mais concordo que sim, que quem realmente quer ajudar alguém, simplesmente ajuda. Não o anuncia, nem o publicita.
Nunca me esqueci de ouvir um tipo a contar, depois de ter regressado de uma “missão humanitária”, que tinha andado a ensinar os pretos a comer de garfo e faca. Contava isto em rodas de amigos e toda a gente se ria imenso. Nunca achei piada. Se ele tivesse ido à tropa, cumprir o Serviço Militar, que ainda era obrigatório quando fiz 21 anos, em 1985, podia ter feito o mesmo a imenso tipos, todos da minha idade e tão brancos como eu... Outro tipo que conhecia guardava uma noite por semana para trabalhar como voluntário numa ONG e andava um par de horas a distribuir sanduiches e pacotes de leite aos miseráveis que dormem na rua, em Lisboa, só porque ficava muito bem no seu currículo e, melhor do que isso, as mulheres ficavam sempre muito bem impressionadas com ele. Generoso, hem!... Tive uma amiga — que um dia deixou de merecer sê-lo — que era tão dada a depressões que passava a vida a dizer que queria tirar um ano para ir trabalhar como voluntária num projecto qualquer em África, a ajudar os coitadinhos e a aliviar a consciência, em busca de paz. Pelo que conhecia dela — e sobretudo pelo que mais tarde descobri... — ainda bem que os coitadinhos dos pobrezinhos nunca contaram com a sua disponibilidade, pois quem precisava de ajuda era mesmo ela e eles não iam ter paz. E são tantos os exemplos, maus exemplos, que me ocorrem, que se os fosse contar todos era uma história interminável. Mas se a regra é invocar-se de forma pouco escrupulosa e pouco séria a expressão “ajuda humanitária”, reconheço que não há regra sem excepção. Em tantos anos, só me ocorrem duas excepções, que eu testemunhei. Uma passou-se recentemente, em Angola, outra aconteceu há bastante tempo, também em África, mas bem perto da Europa...
Foi numa expedição a Marrocos, em meados dos anos 90, que vivi um desses momentos que considerei uma excepção: fomos oferecer um motor para puxar água a uma aldeia remota nas franjas do Sahara, encostada à fronteira com a Argélia, numa zona tão isolada que nem sequer as costumeiras caravanas de jipes carregadas de turistas sequiosos de aventura costumavam lá passar. Passavam sim, mas ao longe e quando os miúdos corriam atrás dos jipes, descalços sobre as pedras, agitando as mãos num gesto que tanto era um sinal de cumprimento, a dizer adeus, como de ajuda, a pedir uma esmola, os jipes aceleravam ainda mais e desapareciam sob uma densa nuvem de poeira. Por muito que corressem, os miúdos nunca conseguiam chegar à pista a tempo de ainda alcançarem um jipe. Nesse dia, porém, o que aconteceu foi diferente. Quando os miúdos se aperceberam da caravana já todos os jipes vinham ao seu encontro. Estacionámos no centro da aldeia e imediatamente fomos rodeados por dezenas de crianças, alegres e ruidosas. Em poucos minutos, toda a gente da aldeia estava junto de nós. Até algumas cabras e burros passeavam-se entre a multidão, como se estivessem igualmente curiosos de saber o que ia passar-se. Connosco vinha um camião e foi de lá que retirámos o motor de puxar água, que em minutos foi instalado num poço que ali havia, no meio da aldeia, à sombra de duas enormes palmeiras. Depois de termos posto gasolina no pequeno depósito do motor, puxámos um cabo meia-dúzia de vezes e de repente fez-se um silêncio profundo: assim que se ouviram os primeiros roncos do motor a funcionar, toda a gente se calou. E depois desataram numa algazarra. Aquele era, sem dúvida, um momento de grande alegria! Três homens, que se comportavam como se fossem os líderes locais, aprenderam num instante tudo o que era fundamental saberem para que o motor durasse longo tempo, nomeadamente a manutenção e modo de funcionamento da máquina. Quando a mangueira mergulhou no poço, tão fundo que do alto não conseguíamos distinguir a água, já se tinha criado um fila de mulheres e crianças carregadas com vasilhas de plástico, que aguardavam pacientemente que a água começasse a jorrar da ponta da mangueira. Esse foi outro momento inesquecível. A expressão alegre de toda a gente, os olhares felizes. Sem discursos, sem lápides para descerrar, sem mais nada, despedi-mo-nos e partimos de novo pela pista pedregosa e poeirenta. E desta vez os miúdos não vieram atrás, numa correria desenfreada. Ficaram ali, à volta do poço, fascinados com aquela máquina vermelha, barulhenta, que chupava a água do poço. Pelo menos enquanto o motor funcionasse, não teriam de queimar as energias agarrados à alavanca da velha bomba manual, num repetitivo vai-vem de minutos para fazer cuspir pequenas golfadas de água do poço.
Nesse dia, em Marrocos, algures entre Erfoud e Zagora, junto à fronteira com a Argélia, mudei a minha opinião e achei que tinha valido a pena aquele pequeno esforço para oferecermos um motor de puxar água, que contribuiu para uma efectiva melhoria das condições de vida daquela comunidade. E porque nos limitámos a oferecer o motor. Discretamente.
A outra excepção foi em Junho de 2009, no sul de Angola. Integrava a caravana de uma expedição todo-o-terreno, o Raid T.T. Kwanza Sul e na manhã do último dia do programa os promotores do evento levaram-nos a ver as obras de construção de uma escola primária, uma das três escolas projectadas e custeadas pelo município português de Almada, ao abrigo de um acordo de geminação que começou pela associação à pequena cidade costeira de Porto Amboim e que acabou por alargar-se a toda a província do Kwanza Sul.
Implantada nos arredores da vila de Conda, não muito longe da cidade de Gabela, a escola que visitámos era ainda o esqueleto de um edifício térreo, com três amplas salas para aulas e um anexo com as restantes infra-estruturas. O local da construção é no meio do nada, entre uma aldeia e a vila de Conda, à beira de um cabeço, de onde se aprecia uma paisagem extraordinária. Lembrou-me uma escola primária que encontrei há alguns anos num local igualmente isolado e lindíssimo, na Amazónia venezuelana; tinha na fachada, pintada em grandes letras, uma frase atribuída a Simon Bolívar, que nunca mais me saiu da cabeça: “Un hombre sin estudios és un ser incompleto”. E ao visitar as obras da nova escola de Conda, dei comigo a pensar que se há coisas em que vale sempre a pena investir é na construção de escolas. Nisso e na vacinação de crianças, que um médico, velho amigo, que já desapareceu, me dizia ter a certeza de que era a única coisa verdadeiramente útil que tinha feito em longos anos de trabalho em missões humanitárias, que o levaram diversas vezes ao epicentro de alguns dos maiores conflitos recentes, como o Afeganistão, ainda no tempo da guerra com os russos, mas também já sob o domínio dos talibãs, o Ruanda durante a crise dos Grandes Lagos, a Libéria e a Serra Leoa durante os piores momentos das guerras civis que assolaram estes países, entre tantos outros cenários, sempre dos mais duros para trabalhar.
Ali, entre os muros de tijolo nu da nova escola, lembrei-me também das Filipinas, onde encontrei escolas nos locais mais recônditos, em plena selva. Em 1898, quando a Coroa espanhola vendeu aos Estados Unidos da América o arquipélago das Filipinas — alienando esta colónia do Pacífico pela soma de um milhão de USD — os americanos tomaram posse de 7107 ilhas, um terço das quais habitadas, onde ninguém se entendia. Simplesmente porque cada comunidade tinha a sua própria língua. E quase ninguém falava espanhol, porque durante o tempo de domínio espanhol as poucas escolas estavam reservadas aos próprios espanhóis e a uma reduzida elite filipina. Em 1946, quando os EUA concederam a independência às Filipinas, a realidade era completamente diferente: já havia uma língua que unia todos os filipinos. Era o inglês. E como é que os norte-americanos conseguiram em 48 anos aquilo que os espanhóis não conseguiram em mais de três séculos? Abriram escolas. Milhares de escolas. Uma em cada aldeia. E levaram professores. E decretaram que as crianças eram obrigadas a frequentar a escola primária.
Numa altura em que se debate a importância do português enquanto língua, bem como a memória de Portugal nos países que outrora integravam o imenso Império Colonial Português, são exemplos como este, da pequena escola perdida no cimo de um cabeço junto à vila de Conda, nas profundezas de Angola, que nos mostram a solução. A solução mais válida de todas para que o português mantenha a sua importância no quadro das grandes línguas faladas no mundo. E volto a lembrar-me da frase de Simon Bolívar, escrita na fechada da escola que encontrei na floresta amazónica: um homem sem estudos é um ser incompleto. Sem dúvida. E nenhum país se constrói nem se desenvolve com analfabetos. O futuro, de Angola, de Portugal, de qualquer país, constrói-se nas escolas.
Momentos depois da breve inspecção às obras, dirigi-mo-nos ao centro da vila de Conda, onde todos os membros desta caravana foram recebidos como os beneméritos da nova escola, a quem as autoridades e a população locais dispensou uma pequena homenagem, que decretou feriado na terra durante aí uma meia hora. O tempo necessário para uma sessão de cumprimentos aos sobas e administradores municipais, seguidas por algumas palavras de circunstância, que não se alongaram. O sistema de som que permitiu amplificar a voz dos que discursaram, foi o mesmo que logo a seguir aos aplausos populares afrouxarem começou a emitir música. E em segundos dançava-se na rua principal de Conda. Naquele dia, havia motivo para festejar a meio da manhã...
Nunca gostei particularmente de me ver envolvido neste tipo de acções, pelo que sempre me senti um tanto incomodado cada vez que tomava parte num programa que incluía “ajuda humanitária”. E o mais engraçado, embora não tenha realmente graça nenhuma, é que ao abster-me de participar nestas acções, acabei sempre por ser olhado de lado, com desconfiança. Era sempre o único que não vibrava de entusiasmo por entrar numa escola de miúdos meio esfarrapados para oferecer caixinhas de lápis de cor e caderninhos todos bonitos, ou por parar no centro de uma aldeia, algures numa das muitas regiões pobres do mundo, para distribuir não interessa o quê, até porque muito raramente me apercebi de que alguém tivesse feito um levantamento prévio das necessidades das comunidades sobre as quais incidia a “ajuda humanitária”. Normalmente, a sensação que tenho é que se compraram uns tantos artigos baratos, que não fazem falta a ninguém, carregaram-se quilos e mais quilos de brindes publicitários que também já ninguém queria e não servem para nada, por vezes junta-se uma colecção de roupas e sapatos velhos, que deviam ter ido para o lixo, mas que todos guardaram à espera da oportunidade para poder oferecer “a quem precisa”, como costumo ouvir dizer, com aquele ar piedoso de quem julga que está a praticar o bem. Cresci a ouvir dizer que a caridade é anónima e quanto mais assisto a estas manifestações, mais concordo que sim, que quem realmente quer ajudar alguém, simplesmente ajuda. Não o anuncia, nem o publicita.
Nunca me esqueci de ouvir um tipo a contar, depois de ter regressado de uma “missão humanitária”, que tinha andado a ensinar os pretos a comer de garfo e faca. Contava isto em rodas de amigos e toda a gente se ria imenso. Nunca achei piada. Se ele tivesse ido à tropa, cumprir o Serviço Militar, que ainda era obrigatório quando fiz 21 anos, em 1985, podia ter feito o mesmo a imenso tipos, todos da minha idade e tão brancos como eu... Outro tipo que conhecia guardava uma noite por semana para trabalhar como voluntário numa ONG e andava um par de horas a distribuir sanduiches e pacotes de leite aos miseráveis que dormem na rua, em Lisboa, só porque ficava muito bem no seu currículo e, melhor do que isso, as mulheres ficavam sempre muito bem impressionadas com ele. Generoso, hem!... Tive uma amiga — que um dia deixou de merecer sê-lo — que era tão dada a depressões que passava a vida a dizer que queria tirar um ano para ir trabalhar como voluntária num projecto qualquer em África, a ajudar os coitadinhos e a aliviar a consciência, em busca de paz. Pelo que conhecia dela — e sobretudo pelo que mais tarde descobri... — ainda bem que os coitadinhos dos pobrezinhos nunca contaram com a sua disponibilidade, pois quem precisava de ajuda era mesmo ela e eles não iam ter paz. E são tantos os exemplos, maus exemplos, que me ocorrem, que se os fosse contar todos era uma história interminável. Mas se a regra é invocar-se de forma pouco escrupulosa e pouco séria a expressão “ajuda humanitária”, reconheço que não há regra sem excepção. Em tantos anos, só me ocorrem duas excepções, que eu testemunhei. Uma passou-se recentemente, em Angola, outra aconteceu há bastante tempo, também em África, mas bem perto da Europa...
Foi numa expedição a Marrocos, em meados dos anos 90, que vivi um desses momentos que considerei uma excepção: fomos oferecer um motor para puxar água a uma aldeia remota nas franjas do Sahara, encostada à fronteira com a Argélia, numa zona tão isolada que nem sequer as costumeiras caravanas de jipes carregadas de turistas sequiosos de aventura costumavam lá passar. Passavam sim, mas ao longe e quando os miúdos corriam atrás dos jipes, descalços sobre as pedras, agitando as mãos num gesto que tanto era um sinal de cumprimento, a dizer adeus, como de ajuda, a pedir uma esmola, os jipes aceleravam ainda mais e desapareciam sob uma densa nuvem de poeira. Por muito que corressem, os miúdos nunca conseguiam chegar à pista a tempo de ainda alcançarem um jipe. Nesse dia, porém, o que aconteceu foi diferente. Quando os miúdos se aperceberam da caravana já todos os jipes vinham ao seu encontro. Estacionámos no centro da aldeia e imediatamente fomos rodeados por dezenas de crianças, alegres e ruidosas. Em poucos minutos, toda a gente da aldeia estava junto de nós. Até algumas cabras e burros passeavam-se entre a multidão, como se estivessem igualmente curiosos de saber o que ia passar-se. Connosco vinha um camião e foi de lá que retirámos o motor de puxar água, que em minutos foi instalado num poço que ali havia, no meio da aldeia, à sombra de duas enormes palmeiras. Depois de termos posto gasolina no pequeno depósito do motor, puxámos um cabo meia-dúzia de vezes e de repente fez-se um silêncio profundo: assim que se ouviram os primeiros roncos do motor a funcionar, toda a gente se calou. E depois desataram numa algazarra. Aquele era, sem dúvida, um momento de grande alegria! Três homens, que se comportavam como se fossem os líderes locais, aprenderam num instante tudo o que era fundamental saberem para que o motor durasse longo tempo, nomeadamente a manutenção e modo de funcionamento da máquina. Quando a mangueira mergulhou no poço, tão fundo que do alto não conseguíamos distinguir a água, já se tinha criado um fila de mulheres e crianças carregadas com vasilhas de plástico, que aguardavam pacientemente que a água começasse a jorrar da ponta da mangueira. Esse foi outro momento inesquecível. A expressão alegre de toda a gente, os olhares felizes. Sem discursos, sem lápides para descerrar, sem mais nada, despedi-mo-nos e partimos de novo pela pista pedregosa e poeirenta. E desta vez os miúdos não vieram atrás, numa correria desenfreada. Ficaram ali, à volta do poço, fascinados com aquela máquina vermelha, barulhenta, que chupava a água do poço. Pelo menos enquanto o motor funcionasse, não teriam de queimar as energias agarrados à alavanca da velha bomba manual, num repetitivo vai-vem de minutos para fazer cuspir pequenas golfadas de água do poço.
Nesse dia, em Marrocos, algures entre Erfoud e Zagora, junto à fronteira com a Argélia, mudei a minha opinião e achei que tinha valido a pena aquele pequeno esforço para oferecermos um motor de puxar água, que contribuiu para uma efectiva melhoria das condições de vida daquela comunidade. E porque nos limitámos a oferecer o motor. Discretamente.
A outra excepção foi em Junho de 2009, no sul de Angola. Integrava a caravana de uma expedição todo-o-terreno, o Raid T.T. Kwanza Sul e na manhã do último dia do programa os promotores do evento levaram-nos a ver as obras de construção de uma escola primária, uma das três escolas projectadas e custeadas pelo município português de Almada, ao abrigo de um acordo de geminação que começou pela associação à pequena cidade costeira de Porto Amboim e que acabou por alargar-se a toda a província do Kwanza Sul.
Implantada nos arredores da vila de Conda, não muito longe da cidade de Gabela, a escola que visitámos era ainda o esqueleto de um edifício térreo, com três amplas salas para aulas e um anexo com as restantes infra-estruturas. O local da construção é no meio do nada, entre uma aldeia e a vila de Conda, à beira de um cabeço, de onde se aprecia uma paisagem extraordinária. Lembrou-me uma escola primária que encontrei há alguns anos num local igualmente isolado e lindíssimo, na Amazónia venezuelana; tinha na fachada, pintada em grandes letras, uma frase atribuída a Simon Bolívar, que nunca mais me saiu da cabeça: “Un hombre sin estudios és un ser incompleto”. E ao visitar as obras da nova escola de Conda, dei comigo a pensar que se há coisas em que vale sempre a pena investir é na construção de escolas. Nisso e na vacinação de crianças, que um médico, velho amigo, que já desapareceu, me dizia ter a certeza de que era a única coisa verdadeiramente útil que tinha feito em longos anos de trabalho em missões humanitárias, que o levaram diversas vezes ao epicentro de alguns dos maiores conflitos recentes, como o Afeganistão, ainda no tempo da guerra com os russos, mas também já sob o domínio dos talibãs, o Ruanda durante a crise dos Grandes Lagos, a Libéria e a Serra Leoa durante os piores momentos das guerras civis que assolaram estes países, entre tantos outros cenários, sempre dos mais duros para trabalhar.
Ali, entre os muros de tijolo nu da nova escola, lembrei-me também das Filipinas, onde encontrei escolas nos locais mais recônditos, em plena selva. Em 1898, quando a Coroa espanhola vendeu aos Estados Unidos da América o arquipélago das Filipinas — alienando esta colónia do Pacífico pela soma de um milhão de USD — os americanos tomaram posse de 7107 ilhas, um terço das quais habitadas, onde ninguém se entendia. Simplesmente porque cada comunidade tinha a sua própria língua. E quase ninguém falava espanhol, porque durante o tempo de domínio espanhol as poucas escolas estavam reservadas aos próprios espanhóis e a uma reduzida elite filipina. Em 1946, quando os EUA concederam a independência às Filipinas, a realidade era completamente diferente: já havia uma língua que unia todos os filipinos. Era o inglês. E como é que os norte-americanos conseguiram em 48 anos aquilo que os espanhóis não conseguiram em mais de três séculos? Abriram escolas. Milhares de escolas. Uma em cada aldeia. E levaram professores. E decretaram que as crianças eram obrigadas a frequentar a escola primária.
Numa altura em que se debate a importância do português enquanto língua, bem como a memória de Portugal nos países que outrora integravam o imenso Império Colonial Português, são exemplos como este, da pequena escola perdida no cimo de um cabeço junto à vila de Conda, nas profundezas de Angola, que nos mostram a solução. A solução mais válida de todas para que o português mantenha a sua importância no quadro das grandes línguas faladas no mundo. E volto a lembrar-me da frase de Simon Bolívar, escrita na fechada da escola que encontrei na floresta amazónica: um homem sem estudos é um ser incompleto. Sem dúvida. E nenhum país se constrói nem se desenvolve com analfabetos. O futuro, de Angola, de Portugal, de qualquer país, constrói-se nas escolas.
Momentos depois da breve inspecção às obras, dirigi-mo-nos ao centro da vila de Conda, onde todos os membros desta caravana foram recebidos como os beneméritos da nova escola, a quem as autoridades e a população locais dispensou uma pequena homenagem, que decretou feriado na terra durante aí uma meia hora. O tempo necessário para uma sessão de cumprimentos aos sobas e administradores municipais, seguidas por algumas palavras de circunstância, que não se alongaram. O sistema de som que permitiu amplificar a voz dos que discursaram, foi o mesmo que logo a seguir aos aplausos populares afrouxarem começou a emitir música. E em segundos dançava-se na rua principal de Conda. Naquele dia, havia motivo para festejar a meio da manhã...
Depois de visitadas as obras da nova escola, fizémos uma entrada triunfal em Conda, onde as forças vivas da terra e inúmeros representantes da sociedade civil — num discurso formal é assim que designamos a assistência popular — aguardavam pacientemente a chegada da comitiva, para um breve acto simbólico. Foi bonito ver que aqueles que receberam ajuda ficaram gratos por isso.
Para não tapar ninguém, fui o último a participar na sessão de cumprimentos, trocando dezenas de apertos de mão com os Sobas do município de Conda, mas também com o Padre e seus ajudantes, com os dirigentes da Administração local e os representantes das Autoridades. No final, apanhei o microfone a jeito não resisti a um breve improviso. Nunca se deve deixar um microfone à mão...
Uma vénia de respeito diante das senhoras, que os sobas são sempre homens de grande educação.
Terminados os breves discursos, ainda se ouviam os aplausos populares e já tocava música no sistema de som, transformando a rua principal de Conda num palco de dança, como se tivesse sido decretado feriado na vila por uma boa meia-hora!
...até na repartição o trabalho parou uns momentos, para os funcionários espreitarem a festa, encostados à janela.
Bem Alex, mais um texto contado na 1º pessoa simplesmente fabuloso!É verdade a caridade é anónima (devia ser)... eu acho(tenho a certeza) a caridade revela o seu nivel mais profundo quando se faz bem sem mostrar "ostentanção".Por isso eu amo aquela frase celébre"Quando deres uma esmola,que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita"para mim esta diz tudo!!!Sabes a minha modéstia opinião é que simplesmente os ignorantes (estilo esses teus supostos "amigos""conhecidos")que depois de fazerem alguma coisa andam a dizer a todas as pessoas são seres tão, mas tão pobres de espirito que nem que tenham "lincenciaturas"e "fortunas" são mais ricos do que aqueles que precisam...a humildade para mim é um dos sentimentos mais nobres que existe. Agora em relação a irem à tropa Alex não digas isso (isso com certeza não foi dito (escrito) de coração certo? Sabes eu lembro-me da minha mãe antes do 25 de Abril chorar cada vez que o meu irmão fazia anos.Só vim a perceber muito mais tarde «porque se apróximava o dia de ele ir para a guerra»tú tens 2 raparigas eu tenho uma rapariga e um rapaz e sei dar(claro que acho que sei)o valor ao sofrimento dos pais que viam os seus filhos partir para a guerra.Alex adorei saber mais um pouco da tua história...beijos
ResponderEliminarMuitíssimo obrigado pelo seu (humanamente) rico blogue!
ResponderEliminarCaro José,
ResponderEliminarNão tem que agradecer. Concordo com a sua opinião, é sim um blog humano, ou não eu continue a sentir-me também humano, que é uma coisa que nem toda a gente pode dizer, pois há os que crescem e vão perdendo o humanismo. Mas isso o José já sabe muito bem, senão nem tinha reparado. E também acho que é um blogue rico. Aliás, muito rico, mas os conteúdos, sobretudo os textos, são apenas uma parte dessa riqueza; sem leitores como o José, de nada servia tamanha fortuna! São os leitores, e muito particularmente aqueles que o expressam, que demonstram que este blogue é humano. Sem eles, sentir-me-ia um pouco a pregar às pedras. Mas, sabe que até isso vale a pena? Já conheci pedras que se tornaram humanas!...
Um abraço,
Alexandre Correia
Olá Isabel,
ResponderEliminarAprendi que na vida devemos preservar uma certa discrição. Por vezes, sinto que talvez tenha exagerado, porque ocorreram-me situações em que a humildade foi confundida. Mas no que toca a dar, não interessa o quê nem a quem, haverá maior autenticidade nessa generosidade do que fazê-lo anonimamente? Não, acredite que não há. E a recompensa não pode ser senão o conforto interior que sentimos por tê-lo feito. Mas estes valores ensinam-se e quem nunca se aperceber de que é assim, nunca o entenderá assim. A minha filha mais velha já aprendeu. A mais nova ainda é muito pequena, mas nasceu com essa generosidade dentro de si. Só terei de me preocupar que saiba doseá-la e que não desperdice as suas energias erradamente, ao longo da vida.
Quanto à tropa, vai ficar chocada, mas mentia-lhe se não lhe dissesse que foram os seis meses mais divertidos da minha vida! Repare que fui incorporado em 1985, precisamente 10 anos após a fim do Império Colonial e, consequentemente, das três frentes da Guerra do Ultramar terem sido extintas. Com a minha idade, nunca se colocou verdadeiramente a possibilidade de ir combater em África, nem em lugar nenhum. Fiz tropa em Santa Margarida, integrado no Serviço de Saúde, e fartei-me de trabalhar. Basta dizer que o meu nome era Correia, Alexandre, portanto sempre o primeiro da lista e o que avançava à frente quando havia falhas na escala. Ao contrário dos outros "meninos" que vinham das grandes cidades e que se fartaram de chorar nos primeiros dias, mesmo sabendo que agora a guerra era só a fingir, aceitei essa obrigação que o Estado nos impunha e procurei tirar o maior partido da experiência. Daí ter conseguido que esses seis meses tivessem sido tão divertidos. Fartei-me de cozinhar, escrevi cartas de amor lindas para soldados acamados, arranjei-lhes alguns casamentos e tudo, e quando me vim embora tinha uma fortuna em bebidas pagas no bar que eu nunca consumi. E lidei com magalas que nunca tinham dormido em lençóis em toda a sua vida, que nunca tinham tido três refeições por dia, que nunca tinham sequer tido roupa nova, quanto mais vários jogos de fardamento e até dois pares de botas. Nem nunca tinham tomado banho e só sabiam usar a colher e a faca, embora de maneira muito diferente daquela que eu tinha aprendido. Ensinei muitos e eram todos brancos. Uns acabaram por compreender que se sentiam muito melhor, outros, coitados, sempre conseguiram resistir aos cuidados básicos de higiene (que estavam na origem de tantos dos problemas que tínhamos de tratar na enfermaria...), quanto mais a adoptar uma atitude mais humana à mesa. Provavelmente terão continuado a comer como uns animais a vida toda, e terá sido isso que os seus filhos aprenderam, mas do banhinho nunca se escaparam enquanto eu estive por lá; é que quando o cheiro se tornava insuportável eu nunca tive problemas em acordar o oficial de dia a meio da noite para reportar esses incidentes. E a meio da noite não se ligavam as caldeiras, pelo que era mesmo com água gelada que gastavam uma barra de sabão azul e branco, em banhos devidamente supervisionados. Porque havia uns resistentes que abriam o chuveiro, salpicam-se com água e voltavam para a caserna a escorrer pingos e comentar em voz alta as virtudes do banho. Eram meninos que não tinham ido à escola. Daí eu achar tão importante que façam mais e que ponham lá professores.
Beijo,
Alex
PS - Temos de falar dos cozinhados!
Olá Alexandre,
ResponderEliminarvir aqui ao seu blogue não é só matar saudades da terra que amo, pelas belas fotografias, pela história que não deixa esquecer.
As suas crónicas falam da vida real, lembram as coisas simples e tão importantes da vida porque fundamentais, como um motor para puxar água no deserto ou uma escola no meio do mato.
Quando falou dos ditos senhores que falam dos pretos, lembrei de um outro blog de senhores que estão nessa terra, e só sabem falar mal, falar dos buracos da estrada para criar jacarés e outras coisas do género. Esquecem esses senhores que neste país da Europa existem povoações sem água e sem luz eléctrica em pleno séc. XXI.
Deixe que lhe diga que o acho um homem fantástico e muito humano e que os seus filhos têem um belo exemplo a seguir.
Beijinhos amigo!
Olá Ana,
ResponderEliminarAcredite que sim, que procuro incentivar as minhas filhas a serem generosas e solidárias. E a não serem nunca indiferentes. Esse é um dos grandes problemas da nossa sociedade: falta tudo o que acima menciono e falta muita educação. Convém não confundir isso com escolaridade, porque até os analfabetos podem ser bem educados. São coisas distintas.
Mas não me considere exemplar, porque tenho as minhas falhas, cometo os meus erros. E até me arrependo de alguns... Já diziam os romanos, "errare humanum est". Afinal, tal como a Ana, também sou...humano.
Beijo,
Alexandre Correia
Alex,
ResponderEliminarCada vez que venho aqui aprendo sempre mais um pouco.Têm razão em relação à humildade senão soubermos doseá-la às vezes é mal interpretada, e claro que saimos magoados.Em relação à "tropa"agora percebi o que o Alex queria dizer em relação à dita,obrigada por ter tido a paciência de me explicar. Sabe eu tenho um irmão que foi (entre parêntes) paraquedista.Ele é mais velho que eu dois anos e como o Alex deve saber as tropas especiais é o que todos queriam (claro depois de 1974)e o meu irmão não foi excessão.Aliás como o cunhado era (oficial dos comandos com o curso tirado em África) ele também queria algo assim. Tenho pena de dizer isto mas o meu irmão foi desses meninos que queria era a boina e mais nada só para se glorear perante os amigos.Mal fez o juramento de bandeira e teve a dita pediu logo ao meu pai que queria sair.O meu pai como tinha bastantes conhecimentos ao fim de 3 dias estava o meu irmão na rua com a sua boina.E sabe apesar de ser meu irmão eu acho que lhe tinha feito bem ter tido uma tropa sem conhecimentos (não falo de antes de 74 ok?)Essa não queria que o meu irmão passasse.Bem já me alonguei:)
P.S. claro que temos que falar dos cozinhados.
beijo
Alex
ResponderEliminarolá cá estou eu...(agora veio-me à idéia uma frase publicitária que começava assim, mas não me lembro do resto da frase, lembraste?)
Bom, mas o que me trouxe aqui foi mais uma vez poder ler mais umas das tuas viagens com mais umas das tuas histórias vividas, que como sempre são fantásticas e muito ricas, dizes bem, ricas, em experiência, ricas em valores, ricas...sabes o que se chama a isto? chama-se AMOR, amor ao próximo que é do mais puro e desinteressado que há, "ama os outros como a ti mesmo". Sinto-me feliz, porque através do que contas eu descubro mais e mais de ti que me deixa orgulhosa de ser tua amiga.
Continua amigo, sabes que os teus leitores, estão sempre`ávidos das tuas histórias, até à próxima...
bjs Lena
Pois é, Alexandre, que mais acrescentar a tudo o que sobre ti foi dito nos comentários que antecedem e que subscrevo?
ResponderEliminarA riqueza dos teus contos de vida feitos experiência e descoberta, a par das belíssimas imagens onde registas e objectivas, sob um olhar sereno, atento e generoso, as formas, as cores, as expressões e os traços distintos das vivências que não se nos dão à primeira vista, permitem-nos a todos nós, teus amigos e fiéis seguidores das tuas viagens, renovar pensamentos e revitalizar memórias que nos enchem a alma de um conforto, passe a expressão, "muito enorme".
Sei do que falas quando referes a escolinha da Conda e o furo de água. Sei o que ganhei como pessoa com a vivência e observação directa da relatividade e mesquinhez das nossas exigências e dos nossos quereres e contestações perante um quadro de vida onde os olhos ficaram carregados de sorrisos e lágrimas de alegria pela oportunidade que uma comunidade inteira teve de, através da construção de um furo de captação de água, deixar de caminhar 12 Kms a pé para obter água potável. A solidariedade não tem fronteiras nem anúncios, não se cobra nem se vende ou anuncia, pratica-se. O retrono não tem preço. E faz-nos sentir aquele vibrar interior de felicidade tão indizível quanto inexplicável e que só no Amor encontramos sentido.
Não há programas, reportagens televisivas, entrevistas, campanhas políticas ou outras formas de manifestação que dêem alguma vez o real valor e dimensão da gratificante experiência da solidariedade vivida no terreno, no silêncio da dignidade e do respeito pela pessoa humana, aqui ou em qualquer lugar.
Continua, Alexandre, a partilhar as tuas estórias, as tuas reprotagens, as tuas fotos, com esse teu jeito tão natural e são de ser, sentir e dizer.
Um beijinho da tua madrinha de coração.
Olá Madalena,
ResponderEliminarÉ com muito prazer que registo aqui o teu...ponto de vista. Desta vez, as minhas viagens cruzaram-se com um tema fortíssimo: a solidariedade e a caridade, mas também a hipocrisia e a vaidade. Não pretendo que este texto seja um ataque ao que chamamos ajuda humanitária, ou à caridade, ou seja lá o que alguém quiser chamar a ajudar os outros de alguma maneira. De modo algum, até porque tenho consciência de que há acções que, mesmo sem serem de todo honestas, nem por isso deixam de ser importantes, às vezes até determinantes, para as comunidades que recebem esse apoio. Recordo-me que nos anos 90, durante a triste crise dos Grandes Lagos, em que o Ruanda e o Burundi passaram por um horrível genocídio baseado em divergências étnicas, matando-se indiscriminadamente à catanada sob o olhar passivo dos capacetes azuis das Nações Unidas (que estão sempre lá para assegurar a paz, não para intervir no sentido de impedir que não haja paz, mas isso é outra conversa e havemos de lá chegar, até porque as minhas viagens já se cruzaram com algumas das missões da ONU mais antigas e duradouras: as UNAVEM, em Angola, e a MINURSO, no Sahara Ocidental), foi necessário estabelecer campos de refugiados no Congo (ex-Zaire, actual RDC), que por dia custavam à ONU sensivelmente 1 milhão de USD, moeda que na altura valia bem mais do que agora, superando sensivelmente a cotação do Euro. O chocante é que 90% desse milhão gasto diariamente era só para garantir os custos da operação, pagando aos funcionários, do quadro permanente, aos contratados, aos avençados e aos locais que eram chamados a integrar as equipas, normalmente para servirem de tradutores, mas também de condutores e carregadores; pagando ainda os transportes, os veículos, toda a logística, a própria comida, a instalação dos acampamentos. E com o que sobrava, davam-se aspirinas e papas de farinha super-energética, de um preparado norte-americano especialmente produzido para reabilitar num curto espaço de tempo populações profundamente sub-nutridas. Uma das ironias destes processos de ajuda, que seguem sempre a mesma receita, até na ementa, é que conheci casos (por exemplo, num campo de refugiados nos arredores de Monrovia, Libéria) em que os esfomeados dois meses depois já sofriam de obesidade e no mês seguinte o estado agravou-se para obesidade mórbida. Mas, sem essa ajuda, os tais 10% que sobravam, tudo teria sido ainda pior.
As missões da ONU ou da Cruz Vermelha, são como que projectos industriais em termos de ajuda humanitária. Mas todos nós gostamos de nos sentir um pouco assim benfeitores, a uma escala caseira. Até porque a receita é deveras atractiva. Gastamos connosco 90% do orçamento e com os restantes 10% justificamos os 100%. E divertimo-nos, e ficamos bem vistos, e ganhamos um dinheiro extra e, normalmente, é tudo inútil. Há, pois, que reflectir sobre isso. E com os tempos difíceis que vivemos por aqui, porque não pouparmos uma boa parte dos custos e concentrarmos os nossos esforços e a nossa generosidade nos que estão à nossa volta? É verdade que lá se iam os 90% que aplicamos em nós próprios, mas os vaidosos podem ser continuar a contar aos amigos, às amigas, que ficam tão encantadas e até suspiram de pensar que somos tão boas pessoas. Enquanto não se apagam as luzes...
Um beijo,
Alexandre
PS - O tema é tão vasto, que não se esgota nestes textos, nem nestas "conservas". Mas sentir-me-ei contente se ajudar alguém a reflectir e a pensar no assunto sem pensar nos seus 90%.
Olá Lena,
ResponderEliminarNão resisto a contar-lhe uma anedota. Tão ou mais antiga que a nossa amizade, que já leva mais de duas décadas. É uma daquelas anedotas de salão, que se podem contar à frente de crianças e senhoras púdicas, que deve ser entendida apenas pela piada, até porque se pensarmos que não é uma piada, talvez fiquemos tristes por nos lembrarmos de histórias assim. Um pai pergunta ao namorado da filha se ela quer casar com ela por amor, ou por interesse. O rapaz nem hesita na resposta, esclarecendo logo que só pode ser por amor, porque não tem interesse nenhum nela...
Na verdade, nunca achei graça nenhuma a esta piada, talvez porque nunca tenha conseguido deixar de pensar em tantos casos que não eram amor coisa nenhuma. Mas neste caso, a Lena sabe bem que mesmo que não seja por amor, não é, de modo algum, por interesse. Embora tenha o maior interesse; por exemplo, em saber que os meus amigos se sentem contentes por ser meus amigos. Acredite Lena, eu também!...
Um beijo,
Alexandre
PS - Claro que me lembro dessa frase: era como começava um anúncio de um produto para aliviar os maus cheiros. Bem a propósito do tema, por estas conversas de solidariedade e responsabilidade social, de ajuda humanitária e de caridade muitas vezes cheiram mal...
Olá Isabel,
ResponderEliminarAntes de mais, tenho de dizer-lhe uma coisa muito importante: aqui ninguém se alonga. Nem muito, nem pouco. Nem se perde tempo. E para mim, o tempo é a única coisa infinita, Claro que nunca temos tempo e o nosso tempo não chega para tudo. Mas o tempo em si, esse é realmente infinito. E sorte a nossa que ainda conseguirmos ter algum tempo. Para nós, para nos expressarmos, para "conversarmos". E para reflectirmos. Se eu um dia sofro um AVC é uma tragédia. Lá se vão as minhas memórias e terão de ser os amigos a contar-me as histórias, todas estas histórias, até porque praticamente nunca viajei sozinho.
Um dos meus amigos podia, por exemplo, contar o que um dia fiz a um menino dos comandos, com o espírito do seu irmão. Era tão grande o orgulho na conquista da boina vermelha de Comando que sofriam autênticas barbaridades, sempre em nome de uma preparação fora de série, que também permitia muita perversivade, muita maldade, muito exercício de autoridade. Enquanto modesto "socorrista", a classe no fim da linha do serviço de saúde, que fazia tudo o que os enfermeiros e médicos nos conseguissem ensinar, para eles poderem descansar..., fartei-me de cuidar de jovens militares, inclusivé recrutas dos comandos. Eram os mais maltratados, uns verdeiros desgraçados. Mas à sexta-feira à tarde, se tinham a sorte de receber autorização para gozar o fim-de-semana em casa, tornavam-se nuns heróis, duros de roer e só voltavam a chorar, assim baixinho, a partir da segunda-feira seguinte. Um dia, quando já estava fora da tropa, fiz uma "inspecção" ao mini-hospital onde tinha passado alguns meses, em Santa Margarida. E estava cheio de comandos acamados, devido aos excessos de uma sessão de treino para recrutas do curso de oficiais e sargentos milicianos. E apanhei um que, mesmo com uma perna engessada, era mais malandro que os outros todos juntos. Teve azar, porque ele ainda não tinha lido o Regulamento de Disciplina Militar e troquei-o pelas revistas pornográficas que lhe aliviavam as dores (imagino...); e ao ler o RDM, o "nosso recruta" descobriu que eu tinha toda a razão: o bigode dele não estava regulamentar. Portanto...
Beijo,
Alex
PS - Não conte isso ao seu irmão, pois os comandos são tão unidos que ainda me arrisco a que me aparem a barba, como no outro dia me fizeram, quando adormeci no barbeiro. Se calhar foi a vingança... Desde 1986, quando saí da tropa, que não tirava a barba...
Infelizmente e salvo honrosas excepções - normalmente as tais de que não se fala e que são verdadeiros exemplos de doação e humanidade, sem contrapartidas nem vaidades pessoais - é como dizes, Alexandre. E corroboro a urgência de reflexão para a acção sobre as prioridades e destinos das verbas muitas vezes generosamente doadas pelos que menos podem e que são canalizadas para diferentes fins sob a capa de estruturas e despesas de funcionamento de organizações ditas humanitárias.
ResponderEliminarMas, até lá - e por analogia com a célebre frase de Churchill sobre a democracia: "Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos." - há que manter esse auxílio e tomar posições e iniciativas que invertam as condições e percentagens a que aludes. Penso que isso compete-nos a todos nós, cidadãos desse mal menor que é o viver em democracia, denunciar e apresentar alternativas.
Não podemos mudar o mundo mas podemos dele aproveitar o que tem de melhor e está ao nosso alcance mudar aquilo que temos capacidade para mudar. Seja na nossa rua, no bairro, na vida dos que nos rodeiam. E agarrar as circunstâncias e oportunidades que a vida nos oferece, como aconteceu contigo e que tão bem descreves, para dar um pouco do que temos ou sabemos, em todas as dimensões possíveis, de modo a minorar o sofrimento e a tristeza dos que não tiveram a fortuna de serem abençoados como nós, os que aqui os manifestamos.
Escrevi sobre ti algures que a tua estatura física era directamente proporcional à tua generosidade, ao teu coração do tamanho do mundo. Confirma-se.
Humano, nunca demasiado Humano...
Continua a sê-lo sempre, meu amigo. Como és.
E a partilhar connosco.
Beijinhos da Madalena
PS - Engraçadíssima a foto dos cumprimentos aos Sobas. Ainda dizem que os homens não se medem aos palmos... :)
Lendo o teu belissimo texto e as respostas aos comentários dos teus seguidores, comentários tb. muito ricos tanto de informação quanto de sentimentos, pouco me resta para te dizer a não ser, mais uma vez -OBRIGADA- e CONTINUA ,
ResponderEliminarpois tens experiências que devem mesmo ser partilhadas pq enriquecem também quem as lê e vemos que, além de outras qualidades como ser humano tens uma das mais preciosas, que é a ausência de egoismo.Bem hajas
Olá São,
ResponderEliminarHumanos somos todos. O problema é que muitos de nós não o sabem, pois comportam-se de uma forma desumana. Ainda ontem vi um documentário no canal 2 da RTP que me deixou a pensar nesta questão da ajuda humanitária e da validade dos nossos esforços. O documentário incidia no esforço de três jovens — duas mulheres e um homem — para estudar música em Luanda e frequentar o que me pareceu uma espécie de Conservatório. Acabou com os três a passar de ano, tocando piano num espectáculo de fim de curso, cheios de ansiedade se não estaria alguém na plateia que gostasse do seu desempenho e estivesse disposto a patrocinar os seus estudos de música. Pelo que eu percebi, infelizmente não estava ninguém disposto a ajudá-los. Nem sei se alguma vez um deles, ou os três, terá talento para se tornar num grande pianista. Mas pelo que vi, têm o enorme mérito de lutar pelos seus sonhos e vencer as dificuldades de uma vida cheia de problemas. Mesmo sem terem tido quem financiasse a continuação dos seus estudos, não desistiram. Projectos assim, com sentido, eu estou sempre disposto a contribuir. Porque esses sim, tenho a certeza que qualquer ajuda pode fazer a diferença.
Beijo,
Alexandre Correia
Madalena,
ResponderEliminarTens toda a razão. Está sempre nas nossas mãos dar um contributo para mudar qualquer coisa. E até acho que se forem muitas mãos a contribuir, até podemos mudar o mundo. Têm é de ser muitas mãos. Mas é muito difícil encontrar assim tantas mãos dispostas a mudar o mundo só para que ele se torne melhor. Porque as mãos que se escondem nos bolsos nem sequer pensam que é importante que possamos garantir um mundo melhor aos nossos filhos. Interessa é estender a mão para receber tudo o que for possível. E é geralmente um bom negócio esse, o de dar com uma e receber com a outra. Quanto ao humanismo, não resisto a contar uma história triste: tenho um apartamento no Restelo, zona fina, das mais nobres entre as boas zonas residenciais de Lisboa. Por sorteio, maldoso, calhou-me ser o administrador do condomínio. Aproveitei para resolver alguns problemas e um deles foi suprimir o chamado muro da vergonha: uma listagem com o nome dos devedores. E em reunião de condóminos, expliquei aos meus vizinhos que considerava vergonhoso que não nos conhecessemos todos pelo nome, nem tão pouco nos cumprimentassemos quando nos cruzávamos no elevador, no corredor. Mas pior vergonha era mesmo a de mostrarmos aos nossos convidados, que nos visitam, que ali o importante é expor as fraquezas dos outros, não resolver os problemas. Convém esclarecer que somos apenas 20 condóminos. E que a questão de pagamentos em atraso não é preocupante. Ainda procurei explicar os meus vizinhos que estamos a viver tempos difíceis, que há pessoas de que um momento para o outro começaram a passar por dificuldades e que todos os cêntimos contam e não chegam para tudo. Pedi-lhes compreensão. E fui o único a votar contra a supressão do "muro da vergonha". E quando saí dessa reunião, que foi um dos momentos mais odiosos da minha vida — e já vivi alguns... — saí a debater-me com um dilema: voltar atrás e apontar o dedo aos que ainda deviam taxas de condomínio e votaram a favor dessa exposição pública, ou limitar-me a afixar a tabela com as contas actualizadas nesse dia? Escolhi esta última hipótese. E tive de acrescentar uma folha: a de 2010, porque eu já tinha pago tudo até meio do ano que vem. Para não ser parte interessada na questão. Desumanismo é isto. Não precisamos de ir a África para ser mais humanos. Basta não sermos surdos-mudos, como a maioria dos meus vizinhos...
Um beijo,
Alexandre
PS - Acho que este é um bom tema para desenvolveres no teu "ponto de vista"...
Alexandre, quem disse que precisamos de ir a África para ser mais humanos?
ResponderEliminarClaro que não!
Daí o meu comentário: "Não podemos mudar o mundo mas podemos dele aproveitar o que tem de melhor e está ao nosso alcance mudar aquilo que temos capacidade para mudar. Seja na nossa rua, no bairro, na vida dos que nos rodeiam."
África surge no nosso diálogo porque foi através dela e por causa dela que nos conhecemos e comunicámos. Foi o ponto de partida da nossa amizade e do teu blogue.Que agora, e muito bem, alargas ao universo das tuas reportagens e experiências a outras partes do mundo. Nomeadamente, ao bairro onde moras e onde vivi e cresci também. Só se fôssemos cegos ou hipócritas é que não reconheceríamos que temos diariamente ao nosso lado quem precise de pequenos apoios ou de muita ajuda, nas várias dimensões das necessidades humanas, que vão das materiais às espirituais.
Seja em que local ou parte do mundo, o que importa é que não desistamos nem nos demitamos dos nossos princípios e valores perante uma sociedade cada vez mais egoísta, que vive da imagem e muito pouco do conteúdo. Que vive do escárnio e mal-dizer e muito pouco do saber ser. Que, como dizes, dá com uma mão e tira em dobro com a outra. O diagnóstico é fácil ser feito. A solução, o como resolver os problemas de forma adequada e sustentável...isso sim, é bem mais difícil de responder e de concretizar.
Mas, desistir? Nunca! Por muito pouco que seja o nosso contributo, temos de lutar diariamente por aquilo em que acreditamos. "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena" (F.Pessoa). Os problemas de hoje foram os de outrora, em fórmulas e cenários diferentes mas iguais ou idênticos na essência.
Há uma fábula, creio que brasileira, e um pensamento, creio que de um filósofo hindu, que dizem tudo aquilo que pretendo dizer. É mais ou menos assim:
Fábula:
Uma floresta arde e os animais de todos os tamanhos fogem para o rio, para ficarem em segurança. Eles sentem que nada podem fazer porque o incêndio é enorme. No entanto, um pequeno colibri decidiu que tentaria apagar o fogo e começa a voar rapidamente para ir buscar água ao rio, transportando-a, num vai-e-vem, no seu pequeno bico e deitando as gotinhas nas árvores que estão a arder. Os animais de grande porte e alguns com bicos bem maiores perguntaram, admirados, o que é que ele pensava conseguir com aquele esforço. Que era muito pequeno e o incêndio muito grande. Que não valia a pena. Ao que o colibri, voando entre o rio e as chamas, responde:
"Eu faço a minha parte, faço o que é possível".
Pensamento:
Que eu tenha a coragem para mudar o que posso mudar, a serenidade perante o que não posso mudar e a lucidez para perceber a diferença.
Se a esta fábula e pensamento acrescentar o provérbio:
"Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti",
penso que explico e completo, tipo 3 em 1, o modo de estar na vida em que acredito, em que acreditamos.
Um beijo.
Madalena
Alexandre,
ResponderEliminarE depois de tudo dito (o essencial) em relação ao texto da postagem, deixa-me apenas falar de uma das fotos que me chamou a atenção. Os Sobas são todos de estatura pequena ou o Alexandre é que é alto demais? :)
Abraços
Olá, Bé
ResponderEliminarAcho que são ambas as coisas. O Alexandre é tipo XXL e os Sobas S. Quer pela foto quer pelo que me foi dado a observar pessoalmente, são geralmente de estatura pequena o que será, creio, mera coincidência. E o Alexandre é, sem dúvida, um grande Homem.
Olá Bé,
ResponderEliminarNão cheguei a tempo de responder-lhe, mas a Madalena encarregou-se disso. E é exactamente com vê na foto e como a Madalena lhe explicou: os sobas tinham aí um metro e meio, ou seja, menos cerca de 40 centímetros do que eu. Daí que inclinar-me diante deles não foi só uma questão de troca de cortesias; foi também para conseguir escutar o que diziam, quando se apresentavam...
Beijo,
Alexandre Correia
Olá Madalena,
ResponderEliminarCuriosa coincidência, essa "oração" que mencionas no último comentário. Porque conheço-a muito bem e faço dela a minha oração desde há muitos, muitos anos.
Beijo,
Alex
É difícil encontrar, no mundo, pessoas que estão além da ignorância e futilidade de tudo o que nos rodeia. Parabéns.
ResponderEliminarOlá Alex, tudo bem?
ResponderEliminarGostei das suas viagens. Será que tem um endereco de email para que eu possa escrevê-lo directamente?
Obrigada e melhores cumprimentos,
Cristina
cristina@midiamind.com
Olá Coga,
ResponderEliminarA ignorância é um dos grandes males da nossa sociedade. Sempre foi, mas actualmente isso sente-se ainda mais; daí eu considerar que a questão atinge uma enorme gravidade. E a futilidade, é amiga da ignorância; uma e outra revelam pouco vida, falta de maturidade, de interesse pelo que nos rodeia. É como se muitas pessoas vivessem o tempo todo de olhos praticamente fechado e sem ouvir. Nessas condições, compreende-se que não aprendam nada com a vida. Obrigado pelos parabéns.
Beijo,
Alexandre Correia
Olá Cristina,
ResponderEliminarHoje acertou em cheio: primeiro, porque sinto-me particularmente bem. Hoje é um daqueles dias em que sentimos que valeu a pena acordar e gozar este sol fantástico que está a aquecer Lisboa. Quando as coisas nos correm bem, todos os dias valem a pena. Não é? Em segundo lugar, porque não foi só a Cristina que gostou das minhas viagens. Eu gostei ainda mais! Acredite...
Beijo,
Alexandre Correia
PS - Quando quiser, é só dizer!
Alexandre
ResponderEliminarVir aqui é um bálsamo, por motivos de que não me apetece agora falar. Concordo que a caridade deve ser anónima. Visão fantástica da vida. De momento não consigo ainda sentir-me assim. Nestes três anos a minha vida tem sido uma aventura em 360 graus. Nunca pensei que mudanças de vida nos pudessem deixar tão perdidos. Ainda ando à minha procura. Não sei quanto tempo demorarei, mas confio que lá chegarei, a bom porto. Não tem sido fácil. Apesar de tudo devo considerar-me feliz pela saúde, filhos e marido lutadores. Contudo as mudanças têm preços, por vezes caros. Boa semana
Linda
Olá Linda,
ResponderEliminarFaz parte da condição humana resistirmos às mudanças e a própria vida é, afinal de contas, uma aventura. Talvez até a maior de todas. Mas, por muito alto que seja o preço que está a pagar pelas mudanças que a Linda diz ter adoptado, acredite que se pode considerar feliz por ter saúde. E só quem já teve muito pouca saúde consegue realmente compreender a importância de estar bem a esse nível. O resto, nem há bem que nunca acabe, nem mal que sempre dure. Lá dizia o povo...
Beijo,
Alex
Alexandre
ResponderEliminarPerdoe-me o atrevimento, mas tenho andado a pensar se já lhe passou pela cabeça escrever um livro para não perder as suas estórias. É uma pena se não o fizer. Acredite que as suas experiências de vida fizeram-me pensar que tenho de passar a encarar a vida de uma forma muito mais positiva. Obrigada pela ajuda
Bj
Linda
Olá Linda,
ResponderEliminarJá que fala em atrevimento, eu é que me atrevo a perguntar-lhe se sabe ler pensamentos? É que, conforme sugere, estou a preparar um livro com muitos destes textos. Precisamente para que estas histórias não se percam e porque acredito que, como a Linda sentiu, são histórias que não se esgotam nos episódios e nos factos que narram. Daí eu pensar que um livro é o melhor meio de imortalizar estas histórias e tornar fácil que toda a gente as possa ler, reler e reflectir no que entender. Seja como for, obrigado pelo conselho e não tem de agradecer ajuda nenhuma.
Beijo,
Alexandre
PS - Hoje, pela primeira vez, vi-me obrigado a eliminar um comentário triste. Que ironizava com os conteúdos dos textos e com todos estes comentários. E o mais triste é que veio da parte de um anónimo que — esse sim, sem dúvida alguma — se sente perdido e precisa de ajuda. Sobretudo para que ele próprio possa encarar a vida de uma forma muito mais positiva, como a Linda diz que sucedeu consigo. Quem sabe se esse anónimo também o conseguirá e um dia volta aqui sendo já alguém?...
Não disse? .... :)Força!
ResponderEliminarBeijos muitos
Alexandre
ResponderEliminarÉ pena quando as pessoas não se conseguem encarar, mas às vezes falta-lhes a força necessária. Mas, digo-lhe uma coisa, também anda para aí gente muito mal formada. Espero que realmente aprendam com as sua mensagens.
Boa noite
Bj
As tuas palavras valem mais que mil imagens
ResponderEliminarUm beijo
P.S
ResponderEliminarComo sabes , o anónimo do comentario triste não era eu...um beijo
Alexandre
ResponderEliminarPor motivo de uso indevido (algo bastante indecoroso) do meu item seguidores, vi-me obrigada a excluir o item, talvez temporariamente.Peço-lhe imensa desculpa pois foi o meu primeiro seguidor oficial, o que muito me honrou. Ando em semana de azar. Talvez volte a colocar o item, um dia destes.
Bj
Bom fim-de-semana
Exclui o item não o amigo, penso que ficou entendível
ResponderEliminarbj
Está muito interessante, de facto... tanto a parte positiva como a descrição do interesse próprio que leva muita gente a abusar dos pobres para comprar a própria boa consciência ou um lugarzinho no céu.
ResponderEliminarOlá Sarah,
ResponderEliminarTal como há igrejas que vendem - literalmente - lugares no céu aos seus fieis, também há quem decida investir indivual ou colectivamente para obter a mesma limpeza de consciência. Todavia, grande parte das vezes, estes investimentos são "ruinosos", porque só limpam mesmo as consciências que são tão más, tão más, que nem sequer têm consciência; logo, não conseguem saber que não é assim que conseguem o lugarizinho no céu...
Beijo,
Alexandre
Olá Linda,
ResponderEliminarLamento muito que esteja a ser vítima de visitantes absusivos no seu blog. Não se preocupe que eu continuo a seguir o seu, independentemente de lá estar mencionado que o faço.
Beijo,
Alex
PS - E a Amizade nem se discute!
Querida Anónima,
ResponderEliminarSei perfeitamente que não eras tu. Porque há anónimos que não conseguem ser assim tão anónimos. Tal como também há anónimas que não o são.
Um grande beijo,
Alexandre Correia
PS - Eu é que não passo incógnito. Portanto, nunca fui anónimo...
Eh, Alexandre, mas que grande confusão e rumo que os comentários à tua reportagem levaram.
ResponderEliminarAconselho sinceramente que mudes o tema UMA ESCOLA PARA CONSTRUIR O FUTURO e lances outras fotos e crónicas interessantes da tua autoria, a fim de se reiniciar e refrescar o blogue com o humanismo que o caracterizou e promover novos debates e comentários, que estes estão a ficar um pouco pesados e sem muito sentido. Pelo menos, do meu ponto de vista.
Nestes espaços, há que dar a cara e aceitar a diferença. O anonimato, por muito bem intencionado que seja, é terrível.Está à vista. Há tensão no teu blogue cujas causas os seguidores não identificam e não pretendem, creio, perceber, pois esta não é a sua finalidade.
Beijos, amigos e inspira-te partindo para outra.
Ola alex ca estou eu mais uma vez, a procura de imagens e de palavras. 1 pergunta :a barragem de calengula , é a barragem do cuanza? un grande abraço e muitas mais viagens.deixe-nos sonhar por muito muito tempo .Fernada faria de Paris
ResponderEliminarOlá Fernanda,
ResponderEliminarÚltimamente não tem havido muitas "viagens" por aqui, neste blog, precisamente porque tenho andado ora a viajar no mundo real, ora a trabalhar activamente. Sobra-me pouco tempo, especialmente para poder dedicar-me a estas histórias. E cada vez tenho mais para contar. Aliás, até me sinto um pouco envergonhado de só falar de Angola, pois parece que o meu mundo se resume a este país. Não, na verdade é um país lindo, encantador até, mas é um dos muitos, muitos mesmo por onde já viajei. São tantos que nunca os contei. Um grande amigo, que morreu há uns meses quando só lhe faltava um país para ter visitado rigorosamente todos (morreu quando estava para ir comigo ao...Iraque!), dizia-me que eu acabaria por chegar ao ponto em que ele chegou, a contá-los. Nessa altura, talvez até tenha uma surpresa, quem sabe? Em breve vou partir de novo, rumo ao calor, do outro lado do Atlântico, bem para o sul. Mas essas histórias, ainda não serão para este blog. Vou fazer o itinerário do Rali Dakar Argentina-Chile, mas o objectivo é realizar uma reportagem para a revista Todo Terreno, de que sou o editor. Por aqui, no blog, mantenho-me em Angola...
Beijo,
Alexandre Correia
PS - Penso que a Fernanda estava a referir-se às quedas de Calandula, que se despenham no rio Lucala. A barragem do rio Cuanza é a de Cambambe. Falo de uma coisa e de outra em textos mais antigos deste blog.