quarta-feira, 2 de março de 2011



Revista Todo Terreno conta a história toda…

DEZ DIAS EM VINTE PÁGINAS

Em cinco edições do Raid T.T. Kwanza Sul, participei em quatro, percorrendo talvez uns 15 mil quilómetros por todas as províncias de Angola, menos duas: o Cuando-Cubango e o Cunene, bem no sul, são as regiões que me resta visitar, embora não sejam terras totalmente estranhas, pois contornei-as diversas vezes ao percorrer a faixa de Caprivi, na Namíbia, e nalgumas incursões pela Zâmbia, anos atrás. Em 2010, ao tomar parte do 5º Raid T.T. Kwanza Sul, tive oportunidade de conhecer as províncias visitadas na segunda edição, a que faltei, nomeamente o Bié, para além de ter acrescentado as Lundas, Norte e Sul, bem como o Moxico e Malange. Hoje, já não tenho a mínima dúvida de que esta expedição em todo-o-terreno, organizada conjuntamente pelo município português de Almada e pelo governo angolano, através das autoridades da província do Kwanza Sul, representa, de longe, o mais importante e completo evento alguma vez realizado nas últimas décadas para dar a conhecer a realidade actual de Angola. Desde 2005, quando teve lugar o primeiro raide, até agora, as mudanças que fomos encontrando foram tantas e tão profundas que em inúmeros casos seríamos até capazes de jurar que estavamos enganados, que não se tratava dos mesmos lugares. Por exemplo, em 2007, quando a caravana chegou pela primeira vez à cidade do Cuíto, encontrou bem visíveis as marcas das batalhas dramáticas que fustigaram a capital do Bié, mas no ano passado, ao revisitá-la, praticamente ja não se encontram vestígios desses tempos difíceis. Talvez até por isso, e para não esquecermos a memória dessa tragédia, a caravana visitou o cemitério construído num morro sobranceiro à cidade, para enterrar as dezenas de milhares de vítimas tombadas nos combates que destruiram o Cuíto. Outro exemplo das transformações impressionantes a que assistimos em Angola são as picadas na zona do Waku Kungo — o antigo Colonato da Cela —, que em 2005 nos fizeram mergulhar em densas núvens de poeira, quando ligámos esta vila à cidade do Bailundo, são hoje estradas de asfalto, largas e de excelente piso, onde o veículo mais adequado para circular é um automóvel de turismo e não as Nissan PickUp Hardbody que desde sempre mobilizaram esta caravana. Muito mais importante do que tudo isso, hoje, mais do que em qualquer outra altura, sente-se a paz em todos os lugares por onde passamos em Angola, país onde grande parte da população adulta nasceu e cresceu em guerra e que só há nove anos descobriu o que era viver em paz. Uma descoberta que, essa sim, requereu tempo, muito mais tempo do que tem sido necessário para recuperar edifícios e abrir novas estradas. Mas talvez até por essa descoberta ter sido demorada, ao encantarem-se com a paz actual, os angolanos tornaram o seu país num dos mais seguros para quem viaje em África nestes tempos. E com todas as estruturas de apoio ao turismo que têm vindo a ser desenvolvidas por todo o lado, Angola começa a reunir as condições para que em breve possa tornar-se numa potência turística, no quadro africano. E os raides em todo-o-terreno serão, com certeza, um dos melhores cartazes que Angola pode usar para captar turistas. Não será já amanhã. Mas será em breve, com toda a certeza!
A minha presença nestes raides sempre se ficou a dever a um objectivo: publicar uma grande reportagem sobre o evento e tudo o que o rodeia na revista Todo Terreno. Uma vez mais, o compromisso foi cumprido. A edição nº 149 da Todo Terreno consagra 20 páginas à expedição que nos levou até às Lundas, as terras onde o solo brilha de riqueza. Boa leitura!

Alexandre Correia


6 comentários:

  1. Olá Alexandre!

    Ressurgimos pelos nossos blogs na mesma data e com títulos "semelhantes" com a diferença de dez dias que para si se resumiram em 20 páginas :) Adorei estas coincidências! E adorei também, uma vez mais, toda esta sua aventura acessível através da sua revista. E assim vamos partilhando aventuras!

    Um grande abraço
    Silvia

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  2. Olá, Alexandre. Tudo bem?
    Excelente síntese, que desperta para a leitura integral da excelente reportagem na Todo-o-Terreno. Que, naturalmente,adquiri no dia do lançamento. As viagens de Alex marcam pontos e fazem-nos sentir como se estivéssemos lá.
    Beijinhos e saudades.

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  3. Olá Alexandre
    Que bom ler boas notícias da minha Terra! Notícias de sentimentos de paz e segurança - como se diz, "não há mal que sempre dure..." e, mesmo que sobrem "gasosas", o seu relato dá-nos alento e esperança. Afinal, a "gasosa" é companheira da evolução (não devia, mas)
    Quando-Cubango, Nerriquinha!! Tão longe! Eu costumava dizer que meu pai tinha estado nas terras do fim-do-mundo - em 67/68 os locais ainda não tinham visto ninguém de fora, não tinham linguagem verbal, apenas comunicavam por estalidos vocais.
    Continuação de boas viagens, cumprimentos, Filomena

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  4. Olá Silvia,

    A vida tem destas coincidências! Espero que esteja tudo bem consigo, aí no Brasil! Eu continuo por cá, algures pelo planeta, porque não páro muito tempo no mesmo sítio e cada vez mais sinto que se não apanho um avião todas as semanas começo a cansar-me. De facto, não há nada melhor do que viajar. E contar as histórias destas viagens é uma forma de as partilharmos com mais gente. E é também o meu trabalho...

    Beijo,

    Alexandre

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  5. Madalena,

    Eu sabia que alguém tinha comprado a revista! Que delicia saber quem foi! Bem, na verdade, espero que muitas mais pessoas a comprem... E agradeço muito o comentário à revista. Quanto às saudades, temos mesmo de tratar de "matá-las"! Falamos por telefone em breve e marcamos um jantar com alguns dos veteranos do raide em Angola, que é sempre um enorme prazer reencontrar!

    Beijo,

    Alexandre

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  6. Olá Filomena,

    É curioso que ontem à noite, depois de ter publicado este texto, conversei longamente com uma amiga que está ligadíssima a Angola e que me contava a sua enorme preocupação quanto à segurança no país, pois parece que por lá também as redes sociais na internet se estão a agitar contra o regime. É esperar para ver o que acontece, mas creio que apesar de todas as "gasosas", Angola não merece passar por situações como a da Líbia, da Tunísia e do Egipto. Aliás, espero bem que as coisas permaneçam calmas, porque os angolanos precisam de viver em paz. Por outro lado, se a paz não estiver garantida, provavelmente nem tão cedo poderei ir até essas terras do fim do mundo (a expressão é muito engraçada...) e assim completar a minha longa viagem à descoberta de Angola.

    Beijo,

    Alexandre

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