sábado, 27 de junho de 2009


Camionistas sofrem nas picadas de Angola
AVARIAS & COMPANHIA

[Texto e Fotos: Alexandre Correia]

Estas são imagens do quotidiano, quando andamos pelos sertões de Angola e frequentamos os caminhos mais duros e difíceis de percorrer. Quando mais aventuroso for o destino, piores são os camiões que por lá circulam, pois poucos condutores estão dispostos a correr o risco de sofrer uma avaria - basta um simples furo para estragar a viagem - algures do fim do mundo, que é como quem diz nessas paragens isoladas das demolidoras picadas angolanas. No longo caminho de N'Zeto ao Uíge, enquanto rolámos pelos trilhos estreitos e esburacados que fazem ligação com povoações como Bessa Monteiro, Quimaria e Toto, nunca nos cruzámos, nem sequer avistámos, um camião que tivesse menos de uns 30 anos. Talvez por isso, encontrámos imobilizados com problemas grande parte dos camiões que registámos neste itinerário, enquanto cumpriamos a quinta etapa do Raid T.T. Kwanza Sul 2009. A situação pior foi a de um Berliet verdinho alface que ficou enterrado até ao chassis num lamaçal à saída de uma passagem a vau: quando passámos, já lá estavam há dois dias a tentar desenterrar o camião e só então perceberam que enquanto não retirassem toda a carga - largas toneladas de laranjas, provenientes de uma das grandes fazendas desta reigão - para reduzir o peso, todos os esforços seriam em vão. No lado inverso, podemos referir o pequeno camião Mercedes-Benz vermelho que vimos encostado devido ao furo numa roda traseira, que foi tão prontamente substituída que as passageiras que nem sequer tiveram de descer da caixa de carga, permanecendo lá em cima, agarradas aos taipais, a espreitar o trabalho dos companheiros de viagem, que trocaram a roda.

O diferencial traseiro cedeu no meio do caminho para o mercado. As bananas arriscam-se a ficar maduras antes do camião ser reparado.


Outro Steyr com problemas de transmissão. Ficou imobilizado a bloquear a pista uns quilómetros mais atrás e tal como o anterior, também vinha carregado de bananas. Tão carregado que foram precisos 20 homens para o empurrar até desimpedir o caminho.



Apesar da fama de indestrutíveis, os famosos Berliet nem por isso estão imunes a avarias. Este acusou um aquecimento acima do normal e antes que acontecesse o pior, o condutor parou no meio do trilho, abriu a tampa do motor e esperou pacientemente que a temperatura baixasse.




Um simples pneu furado por significar alguns dias de atraso na viagem. Não foi o caso deste incidente, pois este pequeno camião Mercedes-Benz dispunha de roda sobressalente e em condições de ser usada. A troca foi tão rápida que as senhoras nem se apearam da caixa de carga...

5 comentários:

  1. Num país tão rico como Angola custa a crer nestas histórias de pobreza. Não que os camiões não sejam belos, mas já mereciam uma reformazita e estradas melhores.

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  2. Se em Luanda existem muitos destes camiões imagino então fora!!! Aliás por algumas viagens que já fiz para fora de Luanda dá para entender perfeitamente isto...

    Aliás em muitos lugares a mota é o grande meio de transporte, vendo filas enormes nas bombas de gasolina para motas...

    Bons sucessos com o blogue e espero que continue com muitas aventuras pois eu arranquei com o blogue de brincadeira e aí está...

    Pula em Angola
    http://aventurangola.blogspot.com

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  3. Alex, que maquina fotográfica voce usa? estou encantada!

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  4. Olá Gui,

    Eu também fiquei encantado com muitas fotos do seu álbum no Flickr. Uso uma modesta Nikon D50, mas tenho algumas objectivas da gama profissional que são excelentes. Obrigado pela visita e continue a viajar por aqui, pois eu não páro e depois de Angola já fui aos Açores, um pequeno paraíso perdido no meio do Atlântico, e à Eslovénia, que é uma jóia no meio dos balcãs. E aguarde por mim em Tete!

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