quarta-feira, 15 de julho de 2009


Passado e Presente de Angola em Livro
A ESCOLHA DO PROFESSOR MARCELO

[Texto e Fotos: Alexandre Correia]

Actualmente, em Portugal livro que se preze tem de ser citado n'"As Escolhas de Marcelo", programa transmitido na RTP todos os domingos logo após o Jornal da Noite, em que Marcelo Rebelo de Sousa faz um balanço da semana, com particular enfase à vida política nacional. Incontornável enquanto comentador político, este Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa tornou-se também na figura mais importante para estimular a leitura de livros ao referir publicamente, no fecho de cada programa, alguns livros que escolheu, entre os muitos que todas as semanas recebe. No último domingo, uma das escolhas de Marcelo foi o livro recentemente editado sobre Angola, a propósito da quarta edição do Raid T.T. Kwanza Sul, cujas aventuras têm alimentado este blog desde que foi posto "online", há precisamente dois meses. Editado simultaneamente em Lisboa e em Luanda, pela Pangeia e pela Chá de Caxinde, respectivamente, DO KUNENE A CABINDA — HISTÓRIA E ESTÓRIAS DE ANGOLA apresenta em 224 páginas textos de 13 autores distintos, entre historiadores, investigadores e jornalistas, para além de especialistas em diversas áreas específicas. Esta obra, que foi editada graças ao patrocínio do Banco Keve — a única instituição bancária sedeada na província angolana do Kwanza Sul — teve a coordenação de Miguel Anacoreta Correia, acessorado por Eleutéria Ornelas, e exibe na capa uma fotografia minha, feita na terceira edição desta expedição, numa picada do município do Calulo. No interior, há mais uma dúzia de fotos da minha autoria, entre dezenas e dezenas de imagens que ilustram este livro, de leitura recomendada a todos os que se interessam por Angola e as estórias da sua história. Disponivel nas boas livrarias, custa 15 euros em Portugal. Se tiver dificuldade em encontrá-lo, pode sempre fazer um pedido enviando um email para mvrestinga@gmail.com. Boa leitura!

10 comentários:

  1. Olá Alexandre,

    Parabéns pelo seu contributo neste livro que me parece muito bem e me aguçou o apetite. Quando for a Portugal vou tentar encontrar.

    Também lhe agradeço o comentário e os conselhos que deixou no meu post sobre o Lubango. Apesar de achar que o Gonçalo Cadilhe escreve bem e até gostar de o ler já, em outras ocasiões, tinha comprovado que ele gosta de "pintar a manta". Por regra até consigo dar o desconto, mas por algum motivo em relação ao Lubango romanceei. E contra o "betinho da Figueira" (como lhe chama uma amiga minha eh eh) também lhe posso acrescentar que em Luanda ele, sem nunca o referir nas crónicas, se instalou num hotel de 4 estrelas (o Hotel Presidente) o que para um moralizador mochileiro também me parece alto luxo. Mas enfim, é o negócio dele e é ele que tem de zelar por ele.

    Entretanto só ontem me lembrei que há uns dois meses em conversa com um amigo meu, grande fã do TT, enquanto lamentávamos a morte do José Megre ele me dizia que "o Alexandre Correia da revista Todo Terreno já tinha os vistos para ele e o Megre visitarem o Iraque". Percebi agora que é você a pessoa de que ele falava e estou lisonjeado por trocar mensagens consigo. Já agora, Alexandre chegou a usar o visto?

    Um abraço,
    Paulo César Santos

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  2. Este blogue está cada vez melhor! Traz-me à memória tantas recordações...
    Olha, de Cabinda, o que eu conheço melhor é a Rua Cidade de Cabinda (vivia lá uma Golden Retriver, mas mudou-se para os lados da Expo).
    Também conheço muito bem a Rua Cidade de Malanje, onde fui mordido por um Pitt Bull (depois de ter ousado cobiçar-lhe a namorada). Esta rua fica entre a Rua Cidade de Porto Alexandre (onde mora uma "salsicha" jeitosinha) e a Praça Cidade Salazar (que serve de morada a um rafeiro sem-abrigo). Já domino bem o território!

    Bom, até já estou a ver o título da próxima escolha de Marcelo: "As Aventuras de Max no Bairro dos Olivais".

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  3. Caros PCS e Caniche Vagabundo,

    É sempre agradável registar as vossas mensagens. Isto de andar sempre em viagem às vezes parece uma vida de cão! Ainda para mais, quando levamos pela frente com grandes mentirosos que se tornam líderes de opinião sem que, realmente, tenham tido experiências suficientes para ficarem aptos a emitir opiniões.
    Passando a responder directamente ao PCS, a viagem ao Iraque está em banho-maria e por dois motivos muito fortes: o primeiro prende-se com a recente alteração no domínio da segurança em terras iraquianas, que se deve à planeada saída das forças norte-americanas das cidades; de acordo com o que me foi há dias transmitido pelo nosso interlocutor neste processo, presentemente não conseguem garantir-nos a segurança necessária nem nas zonas anteriormente consideradas tranquilas e sob controlo. Em segundo lugar, nesta altura do ano aquelas paragens são um brazeiro! Como se não bastasse já o ambiente escaldante da falta de segurança, andar por lá com os termómetros sempre acima dos 40 graus centigrados não é nada convidativo. Seja como for, a viagem mantém-se programada como, aliás, já estava antes de José Megre ter morrido. Quem sabe se na próxima Primavera não encontrará aqui o relato dessa viagem?
    Agora vamos ao Caniche Vagabundo, que é tão simpático que merece ração reforçada! É verdade que as viagens nos abrem imensas memórias, não só dos lugares, mas também de velhas amizades ou algumas que, se calhar infelizmente, nunca chegaram a sê-las. Outras, como esse Pit Bull ciumento (detesto ciumes, ainda para mais vindos de um Pit Bull. Aghrr!...), nem queremos lembrar, mas é bom não esquecer, não vá voltar a morder-nos. É curioso o sem-abrigo viver na Praça Cidade Salazar, que agora se chama N'Dalatando, creio eu. Isso lembra-me um episódio, quando o milionário Calouste Gulbenkian encontrou, há mais de 50 anos, um sem-abrigo a comer relva no Parque Eduardo VII, bem junto ao Marquês de Pombal. Impressionado, Gulbenkian mandou parar a sua limousina e fez o motorista ir perguntar porque o homem estava a pastar relva. Assim que soube que se tratava de um sem-abrigo faminto, mandou entregar a este pobre vegetariano à força um cartão de visita, em que o convidava a ir comer sempre que quisesse ao elegante restaurante do Hotel Aviz, sem ter de preocupar-se com a conta. O pobre homem nem queria acreditar, mas era mesmo verdade e num instante perdeu o triste aspecto de esfomeado, deixando intrigado um colega sem-abrigo, que mal soube da história foi a correr pastar relva no Parque Eduardo VII. Eís quando passa um belo Mercedes-Benz preto, que contorna a rotunda e volta a passar, detendo-se uns metros mais adiante. Saí o motorista e repete-se a pergunta, que leva a mesma resposta. Um minuto depois, o motorista, sobriamente fardado, regressa com um cartão de visita na mão, que deposita na mão do sem-abrigo, já com dificuldades em conter a alegria por estar a imaginar-se a tirar a barriga de misérias. Na face, o cartão dizia António de Oliveira Salazar, seguido da frase, em letras mais discretas, Presidente do Conselho; no verso, Salazar mostrou a sua generosidade ao escrever que "Autorizo o portador deste cartão a pastar livremente em todos os jardins públicos", assinando por baixo.

    Um abraço,

    Alex

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  4. Eheheh... ainda não vi se o tal rafeiro tem cartão, mas vou averiguar!

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  5. Senhor Alex Africano,

    Cá na minha terra CUNENE não usa K que não existe no alfabeto português. Faço este pequeno comentário como canico cioso da Lusofonia, apesar da minha perspectiva sobre quatro patas ser pouco considerada...

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  6. Olá Charlie!

    Tens toda a razão. O alfabeto português não tem letras como o K, o Y ou o W. Mas o português angolano considera todas elas e nos casos em que essas letras são aplicadas a nomes próprios, não os traduzo. De resto, como português da "metrópole", continuo a escrever como aprendi e gosto. Aqui, na Europa, Cunene não leva K.

    Festas no lombo!

    Alex

    PS - Não sei porquê, mas tenho a estranha sensação de estar a enviar uma mensagem para o Além...

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  7. Alex, ralmente o professor fez uma óptima escolha. Parabéns pela qualidade do seu blog, voce escreve muito bem e consegue cativar o leitor.
    Lá andam os portugueses,como sempre, a quererem ser donos da Língua... relembrando velhos e decrépitos nacionalismos bacocos. Os angolanos podem nao ser os donos dela (Língua Portuguesa) mas sao os legítimos donos das palavras que sao originárias nas suas línguas nacionais (Kikongo, Kimbundu, Umbundu, Tchokwé, etc)e se eles querem nacionalizá-las nao há ninguém na Lusofonia com poderes para isso, minha pátria é minha língua,falo Kunene, Kwanza, Nzinga, Tombwa, Kassai, Soyo e etc e tal meus kambas!!!
    Kandandu angolano com muita paz, meus irmaos lusófonos!!
    Namibiano Ferreira

    Nota Final: Com o novo acordo ortográfico o alfabeto da Língua Portuguesa passa a integrar as letras K, Y e W.

    Forte e sincero abraco, meu caro amigo e viva a nossa Língua, apesar das diferencas!!

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  8. Caro Namibiano,

    Agradeço a simpatia dos seus comentários. São palavras como as suas que me indicam que sigo no "bom caminho" - embora normalmente a minha vida consista em andar pelos maus caminhos, no sentido literal... Mais do que contar as minhas viagens, como se tratasse de um mero exercício de vaidade, o objectivo destes textos é permitir envolver na leitura todos os que chegam a este blog, levando-os a viajar pelas palavras que escrevo ao encontro dos cenários que eu vi, procurando partilhar as experiências que estas viagens me têm proporcionado e transmitir o que senti. Tudo isto contado no português que eu aprendi e que eu quero continuar a usar, independentemente de quaisquer acordos ortográficos. Mas sempre, claro, no maior respeito pelo que a lingua portuguesa significa, não esquecendo nunca o seu papel importantíssimo na unificação de povos, como o português e o angolano, mas também entre o próprio povo angolano, que no meio de tantas linguas e dialectos nacionais, como o que cita na sua mensagem, fala em português a uma só voz. Como, por exemplo, os filipinos se unem através do inglês, apesar de, por uma questão de nacionalismo, a lingua oficial ser o pilipino tagalo, que na realidade é apenas um nome comum a centenas e centenas de dialectos falados nas mais de três mil ilhas habitadas, entre as 7107 que constituem o arquipélago das Filipinas.

    Um Abraço para todos os que me leem e, em especial para si, um forte kandandu, ou seja, um grande abraço genuinamente angolano!

    Alexandre Correia

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  9. Olá Alexandre,

    Gostaria de agradecer pelo comentário que deixastes no meu blog. De forma alguma foi "encomodativo", se estamos a divulgar nossos pensamento nada melhor do que receber visitas.
    Gostei muito do seu blog, vou passar por aqui mais vezes.
    Um abraço

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